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Posts Tagged ‘Dica de leitura’

 

Por Alberto Nannini

medHomensAlmasA inglesa Taylor Caldwell tem um estilo facilmente reconhecível: extremamente detalhista nas ambientações e descrições de personagens e localidades, muito precisa nas reconstruções históricas, e sempre baseando seus muitos livros no ideário cristão.

No caso do livro Médico de homens e de almas, a autora fez uma grande pesquisa para romancear a história de Lucas, a quem se atribui um dos evangelhos canônicos. Médico no seu tempo, contam algumas lendas que se atribuíam milagres e prodígios a ele antes mesmo de sua conversão ao cristianismo.

Com este mote, ela costura um romance envolvente, que conta a história do futuro santo, que sente grande compaixão pelos homens e que “não gosta” muito de Deus, ou melhor dizendo, não O sente próximo. Sua aproximação à ideologia do carpinteiro de Nazaré vai se mostrando como um arranjo perfeito, suprindo-o daquela convicção que lhe falta. Enquanto isso, Taylor Caldwell descreve costumes (chamou-me a atenção as refeições da época), localidades, vestimentas e elucida arranjos políticos no intricado panorama social vigente naqueles tempos, com os romanos buscando conter a insurgência crescente dos rebeldes judeus.

A autora, muito prolífica, escreveu também O grande amigo de Deus, romanceando a história de Paulo, o apóstolo que, bem dizer, fundamentou o cristianismo e lhe deu as bases que possibilitaram que ele reinasse soberano por milênios e que continue uma das mais influentes filosofias do mundo.

Tenho uma relação de afinidade com os livros de Taylor Caldwell – tanto que pretendia dar dica de leitura outro livro dela, mas pensei que havia tanto a falar a respeito deles que valeria uma resenha.

De qualquer forma, caso aprecie romances com fundo histórico e queira saber mais sobre os primórdios do cristianismo, a dica é ler um destes livros mencionados. Possivelmente, se ler um e gostar, vai desejar ler o outro. Foi o que aconteceu comigo.

 

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Por Fred Linardi

A_HISTORIA_SEM_FIM_1229355292PHouve uma geração que assistiu inúmeras vezes ao filme História sem fim, que habitava a Sessão da Tarde mês sim, mês não. Para quem viajava nas cenas e terras fantásticas, o livro que deu origem ao belo filme não é uma boa pedida, é uma ordem. Até porque a história retratada na tela não passa da metade das quase 400 páginas da obra. Com sua imaginação ao extremo, o escritor alemão Michael Ende faz uma ode ao mundo fantástico e a nossa capacidade de habitá-lo sem nos perdermos em suas armadilhas. Quem lê o livro é Bastian, escondido no porão de escola, acompanhando as aventuras de Atreiú. Lemos o que Bastian lê até que ele acaba entrando no próprio livro, eis aqui o ponto de partida da história que o cinema não mostrou. A literatura de Ende não menospreza nem a criança, nem o adulto, com suas nuances filosóficas e as reflexões dos personagens.

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Por Alberto Nannini

O_GENIO_DO_CRIME_1230942899PDepois das resenhas para o público principalmente infanto-juvenil que escrevi – Os meninos da rua Paulo e O enigma das estrelas, nada mais justo que uma dica de leitura do mesmo tom.

Clássico sem perder a atualidade, é excelente para presentear aquele(a) sobrinho(a), primo(a), enfim, aquele(a) jovem meio desinteressado pela leitura: é o livro O gênio do crime, de João Carlos Marinho.

Uma rápida pesquisa me informa que a obra, de mais de 40 anos, teve mais de 1 milhão de exemplares vendidos em mais de 60 edições, e é considerado uma das referências fundamentais da literatura infanto-juvenil brasileira.

A história é simples: uma turma de garotos coleciona figurinhas num álbum de futebol, que, se preenchidas, dão direito a bons prêmios. Mas alguém está falsificando as figurinhas, e o proprietário da fábrica que as produz não tem capacidade da dar todos os prêmios, e pode ir à falência. Então, uma turma de garotos – a Turma do Gordo: Edmundo, Pituca e Bolachão (depois, também Berenice) – se unem para descobrir quem está por trás daquela fraude: eles vão se deparar com um gênio do crime e precisarão de toda a astúcia para desmascará-lo e se safarem.

Nem preciso dizer que, para alcançar o sucesso que alcançou, o livro é necessariamente muito bom, mas reforço: é muito bom. Passagens dele me marcaram, apesar de ter lido há uns trinta anos. A invenção do Gordo para seguir um dos bandidos é uma sacada inteligentíssima, que fez escola. Tem até cenas de tortura, que te deixam angustiado.

Uma memória curiosa: um ex-namorado de uma das minhas irmãs, um rapaz de enorme coração, mas meio bronco, gostava muito de conversar comigo, embora eu fosse só uma criança. Eu falava empolgado dos livros que lia, e ele (provavelmente disléxico) dizia que não conseguia ler nada. Então, eu dei a ele meu exemplar de O gênio do crime, depois de fazer uma enorme propaganda, mais ou menos como esta, para que ele o lesse; e me lembro de quando eu o via, e ele vinha comentar as passagens do livro que tinha lido, e que estava gostando, e isso me deixava muito feliz.

Então, se por acaso não o conhece, procure-o em qualquer sebo; se já o leu, revisite-o, e, se conhecer alguém que não consegue se apegar à leitura, esta é uma ótima dica de presente!  

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Por Igor Antunes Penteado

nome da morteA morte é certamente o maior enigma da vida. Isso porque, para mim, a morte faz parte da vida, não é o contrário dela. Morte é o contrário do nascimento. Até porque depois dela acontecem várias coisas que ainda fazem parte da existência (a decomposição do corpo, que permite a continuidade da vida, por exemplo). Quando nos deparamos com ela – a morte – ficamos desconcertados, na maioria das vezes. Não estamos culturalmente preparados para lidar bem com o tema. Agora imagine-se responsável pela morte de quase quinhentas pessoas. E não falo de uma bomba ou algo do tipo, é você puxando o gatilho que ceifa a vida de cada uma delas, uma a uma. Essa é a história de Júlio Santana, matador de aluguel que tem sua trajetória contada de forma muito competente por Kléster Cavalcanti no ótimo O nome da morte. Depois de matar, Júlio rezava dez ave-marias e vinte pai-nossos para pedir perdão e “esquecer” o que tinha feito. Eu, provavelmente, nunca esquecerei.

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Por Fred Linardi

VozesMarrakechEntre as particularidades de um bom livro de viagem está algo além da rica experiência de vivenciar os dias em que se passa em terras distantes geográfica e culturalmente. E aí está o tempero final que se dá num relato exemplar: a confluência de vivências culturais diversas – a de si e dos outros – num linguagem nobremente literária a partir de uma visão singular sobre o cenário e as pessoas que se apresentam, diversos de sentidos e motivações para um escritor. É essa a grande qualidade de As vozes de Marrakech, de Elias Canetti, que de defeito só tem um: suas breves páginas fazem o livro acabar muito antes de estarmos preparados para isso. Vale a pena conhecer o relato deste Nobel, que reúne as melhores qualidades de um escritor e ensaísta.

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Por Igor Antunes Penteado

divina-comediaEssa dica de leitura pode parecer meio óbvia, e é. Trata-se de um clássico dos mais reverenciados – e com toda razão –, mas é um daqueles livros que nunca devemos nos cansar de recomendar. A obra foi chamada de Comédia porque, à época em que foi escrita, estes eram os livros voltados ao publico comum, enquanto as Tragédias eram textos voltadas à aristocracia. Agora, divina mesmo é a inspiração do autor, Dante Alighieri, em escrever tamanho primor, ainda mais se pensarmos em quando este feito aconteceu: o século XIV! A divina comédia, além de brilhantemente escrito em todos os sentidos que você possa imaginar, apoia-se bastante na simbologia de sua criação – o que traz um excepcional valor agregado –, além de ser absurdamente atemporal. É de longe um dos livros que eu mais me diverti lendo, mesmo tendo sido feito por um tiozinho lá de 1300 e alguma coisa. Recomendadíssimo!

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Por Fred Linardi

TerradoshomensA elegância é breve, a genialidade é sutil e Antoine de Saint-Exupéry não é apenas o autor do Pequeno Príncipe. Aliás, ele não era só escritor e ilustrador. Traçava suas linhas no papel entre uma viagem e outra que fazia como piloto de avião do correio aéreo europeu. Suas narrativas de viagem são extremamente imagéticas, filosóficas e inspiradoras. Terra dos Homens tem tudo isso e está dividido em capítulos que falam sobre as vivências do autor, suas reflexões sobre a vida, viagens, aviões, sobre o mundo e, sobretudo, sobre o homem. Entramos em contato com o universo que tanto despertou sua criatividade com escritor.

Eis um grande e breve livro dentro do qual cabem suas viagens pela Europa, África e América do Sul, com descrições de paisagens, encontros com pessoas locais e uma inesquecível luta pela sobrevivência no deserto do Saara. O prefácio de Armando Nogueira abre o livro nos convidando para a visão poética de um homem que soube reverenciar a máquina, sem jamais menosprezar o valor do ser humano.

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Por Igor Antunes Penteado

ocasodosdeznegrinhosSabe aquele livro que você teve vontade de correr à última página tamanha a angústia em saber o final? Então, ele não chega nem perto deste aqui! O caso dos dez negrinhos, de Agatha Christie, é um dos maiores best-sellers de todos os tempos (100 milhões de cópias vendidas), o que facilmente o credencia a qualquer lista de indicação. Nele, a arte do suspense é elevada à décima potência, o que o torna deliciosamente imperdível. A obra retrata a história de dez pessoas que são atraídas por um homem misterioso a uma mansão em uma ilha deserta. Um a um os convidados começam a ser assassinados, sendo que o autor dos crimes só pode ser um deles. A grande sacada é que a trama se desenrola até restar uma única pessoa e não dá pra descobrir quem é o assassino. Até o desfecho, é claro. Simplesmente brilhante!

Nota do editor: atualmente, O caso dos dez negrinhos é publicado no Brasil pela editora Globo como E não sobrou nenhum.

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Por Rodrigo Casarin

daniela-arbex-holocausto-brasileiroRepugnante, asqueroso, deprimente, vergonhoso. São muitos os adjetivos que podemos dar a Holocausto brasileiro, um livro-reportagem da jornalista Daniela Arbex, com prefácio de Eliane Brum, que escancara as atrocidades cometidas ao longo de décadas em Barbacena, no maior hospício do Brasil, onde mais de 60 mil pessoas morreram. O paralelo com os campos de concentração do holocausto judaico não é em vão. Os internos eram submetidos a situações, humilhações, descasos, semelhantes às que sofriam os judeus na Alemanha nazista.

Pretendo falar deste livro com mais calma em outra oportunidade, contudo, deixo aqui o registro de uma das coisas que mais me chamaram a atenção no pós-leitura. Assisto a muitas reprises do Provocações, da Cultura. No programa (vejam abaixo) que recebeu Arbex, foi a primeira vez que vi Abujamra desolado, chocado, abalado, com a voz embargada, segurando um choro que seus olhos revelavam. Impossível ler a obra e permanecer indiferente ao que é relatado. Apesar dos adjetivos de abertura não serem falsos, os que devem acompanhar Holocausto brasileiro são outros: indispensável, obrigatório, essencial, fundamental.

 

 

 

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Por Alberto Nannini

capa_o-evangelho-segundo-jesus-cristo11Depois de O cordeiro, outra dica sobre a temática de Jesus, mas com enfoque diametralmente oposto: O evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago.

Escrito na famosa “prosa contínua” do falecido escritor, o romance cria em cima das famosas histórias bíblicas, e lhes dá significado completamente diferente, como no caso da ressureição de Lázaro, dos 40 dias e noites no deserto, no papel do diabo e no de Judas, e na última fala, já padecendo na cruz, do carpinteiro de Nazaré que mudou o mundo.

A visão de Saramago, que foi um notório ateu, transparece durante todo o romance, sem sequer disfarçar sua voz como narrador. Ele chega a dirigir-se ao leitor, como numa discussão, talvez procurando maior autoridade para suas críticas a dogmas das religiões cristãs. Além disso, ele humaniza Jesus, falando sobre impulsos que muitos considerariam heréticos.

Para os cristãos mais empedernidos, é uma leitura proibida, já que é praticamente impossível que eles não se indignem. Mas, para os menos tradicionalistas, traz uma perspectiva muito instigante, que condiz com o Jesus histórico – um homem de seu tempo, que condensou uma mensagem de amor (que não foi entendida até hoje), e que morreu sem a menor noção do que se tornaria.

De minha parte, nenhum livro que já li teve interpretações tão diferentes em cada leitura – passou da indignação ao aceite, até chegar a uma terceira via, que não é nenhum destes extremos. Mas isso é assunto para uma outra postagem…

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