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Posts Tagged ‘Eric Novello’

entrevista_desenhoNesses mais de quatro anos de Canto dos Livros, as entrevistas que procuramos fazer mensalmente se tornaram um dos principais diferenciais do blog. Por isso, resolvemos reunir os links de todas as conversas que tivemos com pessoas do meio literário em um só post. Abaixo, trechos de dez delas e, em seguida, uma relação com todos aqueles que já falaram conosco. Para ler uma entrevista na íntegra, basta clicar sobre os nomes dos entrevistados. Divirta-se!

“Perceber o mundo como um morador local o percebe é fundamental para escrever com realismo e convencer o leitor de que ele está entrando num mundo especial, diferente do seu dia-a-dia” – Airton Ortiz

“Adoro o cotidiano mais prosaico, um ponto de ônibus, um sofá com televisão, um almoço qualquer” – Andréa del Fuego

“Por mais interessantes e diferentes que tenham sido as experiências que vivi durante a viagem, tenho escolhido não estacionar em vida nenhuma. Isso não quer dizer viver superficialmente, à deriva, do tipo ‘pra onde me chamar eu vou’. É, na verdade, uma tentativa de se manter aberto, receptivo às novidades” – Antonio Lino

“Toda narrativa pública transporta implicitamente uma visão de mundo, contribuindo ou para manter o grau de consciência do leitor num nível muito baixo de entendimento da realidade, ou ajudando-o a despertar para uma visão transformadora, que não termina no ângulo puramente derrotista, negativista” – Edvaldo Pereira Lima

“Geralmente, há uma esnobação equivocada que cerca a ficção. Eu adoro belos romances, mas a verdade é que genialidade na ficção é rara e a vasta maioria dos autores que se empenha em fazê-lo acaba produzindo uma bobagem banal” – Jeremy Mercer

“A ficção é parte do real, não se opõe a ele; não é o oposto da verdade. A ficção é um modo de se tornar visíveis relações constitutivas do real” – José Luiz Passos

“Sinto que todo escritor sofre de uma hipermetropia: pode enxergar bem a obra dos outros, à distância, mas a sua própria sempre aparece aos seus olhos imprecisa e turva” – Julián Fuks

“Acho que no geral há uma possibilidade razoável de nos próximos anos termos bons livros para ler. No entanto, parece-me que boa parte da produção ainda reproduz – sem criticar ou, ainda pior, aderindo ao que há de pior no Brasil. Digamos que estamos diante, se formos falar no geral, de uma produção amena e edulcorada” – Ricardo Lísias

“O que mais me incomodava, além dos entraves burocráticos, era a minha completa inaptidão para conversar com as pessoas. Às vezes eu ficava em silêncio ao lado de algum entrevistado vendo os ônibus passarem, por puro pânico e falta de perguntas. Isso às vezes era uma vantagem, porque o sujeito acabava falando qualquer coisa que lhe viesse à mente” – Vanessa Barbara

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F. T. Farah

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Nelson Magrini

Paulão de Carvalho

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Xico Sá

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Por Fred Linardi

É preciso deixar a ingenuidade de lado para ler o comentado livro Geração Subzero. Não que essa coletânea de contos seja exigente demais para uma leitura qualquer – muito pelo contrário. Cabe então explicar o grande mote por trás desse livro organizado pelo escritor e professor de literatura Felipe Pena que, incomodado com automática (e muitas vezes cega) canonização de autores por parte dos críticos, aceitou o desafio de fazer jus a outros “autores congelados pela crítica, mas adorados pelos leitores”.

Eis aí o que pode ser o primeiro problema. Num país cujo gosto pela cultura ainda precisa se amadurecer, como podemos observar na música e nas bilheterias de cinema – para citar os gêneros mais populares do país – como lançar foco nos autores favoritos dos leitores? É o mesmo que dar mais atenção aos lixos instantâneos que tocam nas rádios só porque já vemos crítica suficiente em torno dos discos dos artistas clássicos da MPB. O que dizer, então, sobre a literatura?

Mas aí – mais uma vez – não podemos ser ingênuos, pois existem muitos talentos que mereceriam ser comentados pelos críticos e que, por algum paradigma midiático ou acadêmico, acabam ficando de escanteio. Pois debruçar-se diante de uma literatura que não vibra na forma e na linguagem apreciada por estas panelinhas, é arriscar-se a sujar toda a credibilidade almofadinha com as chicletosas amarras do popular. Falta coragem para dar a tapa à cara, alerta Pena no texto de introdução do livro.

O grande trunfo desta necessária provocação canônica levantada pelo Geração Subzero é o debate principalmente em torno desta desvalorização pelos livros cuja literatura tem a simples ambição de entreter e, consequentemente, formar novos leitores – o que é algo valioso para o Brasil. E realmente não há problema algum em literatura de entretenimento, por mais subjetivas que sejam suas medidas.

Dilemas acadêmicos e manifestações à parte, cabe pensar sobre a visão um pouco turva em torno desta aparente meritocracia – o poder dado em virtude do mérito. Se, por um lado um crítico dedica uma valiosa página de jornal para sempre-os-mesmos, pesar o outro lado da balança baseando-se no número de leitores pode ser um tiro saindo pela mesma culatra.

Portanto, Geração Zubzero acaba se firmando dentro de uma dualidade que, mesmo tentando nos distanciar dela, acaba por ser inevitável: vestir nesses autores a roupa de injustiçados congelados ou o uniforme de super-heróis que se destacam acima de qualquer nível de abandono?

Preferi esta segunda visão ao ler as mais de trezentas páginas ocupadas pelos 20 contos assinados por escritores como André Vianco, Thalita Rebouças, Eduardo Spohr, Eric Novello, Martha Argel e Estevão Ribeiro, entre outros. São nomes que, apesar de tudo e de todos, conseguem o reconhecimento de leitores de um país com uma ínfima taxa de leitura e que, por isso, merecem estar reunidos numa coletânea como essa. E conseguem ainda mais do que isso: como anuncia antes dos contos, suas biografias são repletas de livros publicadas por diversas editoras, inclusive com representativo número de vendas em alguns casos.

E foi aí que eu fui pego pela minha própria ingenuidade. Imaginava que me deleitaria em ler aquilo que os jornais deixaram passar em branco e que seriam páginas tratadas com grande estima, pela simples oportunidade de um escritor ser parte de uma seleção de tanta força. No entanto, nem sempre é isso que acontece.

A liberdade editorial, por mais atraente que seja em termos de manifesto, acaba por ser uma forma de quebrar a unidade da obra. Segundo explica no início do livro, a seleção dos autores foi baseada em suas observações em nomes que ganhavam mais comentários em mídias sociais, blogs e salas de aula; sendo que a escolha dos contos foi sem arbitrariedades estéticas, já que não se tratava de sobrepor o próprio gosto, mas sim de “traduzir as escolhas dos leitores leigos, mesmo que elas contrariassem meus próprios juízos de valor”, explica Pena, assumindo seu delicado papel em algumas ocasiões.

Pois bem, é impossível terminar o livro totalmente satisfeito (é ingenuidade, mais uma vez, achar que o resultado seria diferente?). Pois entre o realismo em excesso de alguns contos e a fantasia de outros – envolvendo zumbis, cavaleiros medievais, fadas e dragões – é difícil agradar a todos.

Mas não é só isso. Apesar de todos os autores demonstrarem o talento para as letras, alguns textos parecem mostrar que falta um pouco mais para atingir de fato o difícil patamar do entretenimento de qualidade. Se considerarmos o preceito que escrever bem é escrever de maneira simples, não é preciso ficar na tentativa de demonstrar a própria genialidade – impressão que infelizmente aparece em alguns momentos do livro – e que vejo como mais um argumento da importância que a crítica deveria dar a esses autores: se analisados anteriormente por bons críticos, talvez não caíssem mais neste e em outros vícios tão primários da escrita.

É mais justo, no entanto, destacar os pontos altos desse livro, que estão exatamente nos contos que não tentam chamar a atenção pela excepcionalidade, sem se deixar cair no simplismo de enredo e temática. Entre outros que também mereceram estar nesta seleção, vale mencionar o desempenho de Martha Argel, Pedro Drummond, Juva Batella, Thalita Rebouças e Delfin.

O grande mérito do livro é ser mais um título que pensa fora das panelas da alta esfera literária, considerando que qualquer um pode gostar de ler. É exatamente essa consciência e respeito que falta nos representantes culturais do país, muitos dos quais produzem para si e para os que consideram seus semelhantes. Se houver um segundo volume, como se indaga Pena ao apresentar este livro, será uma continuidade bem-vinda em torno deste rico assunto.

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Acontece amanhã, dia 17, a partir das 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na avenida Paulista, em São Paulo, o lançamento de Geração SubZero – 20 autores congelados pela crítica e adorados pelos leitores. Organizado por Felipe Pena, doutor em Literatura pela PUC-Rio, o livro é uma coletânea de contos de escritores que se dizem à margem da grande cena literária – praticamente não estão presentes em mesas da Flip, nas páginas da Granta, em resenhas do Rascunho ou nas relações dos grandes nomes de sua geração, por exemplo.

Os autores que fazem parte do livro são: Eric Novello (que já foi entrevistado e teve livro resenhado aqui no blog), Thalita Rebouças, André Vianco, Eduardo Spohr, Raphael Draccon, Carolina Munhóz, Ana Cristina Rodrigues, Juva Batella, Estevão Ribeiro, Pedro Drummond, Luiz Bras, Luis Eduardo Matta, Sérgio Pereira Couto, Delfin, Julio Rocha, Helena Gomes, Vera Carvalho Assumpção, Martha Argel, Janda Montenegro e Cirilo S. Lemos.

Confira abaixo o book trailer da obra:

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Antes de começar a ler Histórias da noite carioca, Eric Novello, o autor da obra, já havia me alertado “leve em conta que é um livro de humor com zero de seriedade, pra fazer rir mesmo”. E como é mais fácil analisarmos um livro considerando o que o escritor queria com ele.

O livro conta a história de Lucas Moginie que já obtivera sucesso, mas também lançara obras que sequer sua mãe comprara, e não sabe se está em crise de decadência ou em uma fase de renovação. Lucas, uma pessoa com excessivas preocupações com o que veste e a maneira que se apresenta aos outros, vive em um apartamento no Rio de Janeiro (claro!) e tem um casal tarado por sexo como vizinhos de cima.

Um dia, Tita, a ex-namorada do escritor, procura-o para que escreva uma história baseada na vida noturna que ela leva junto com um certo amigo Rodrigo. Lucas titubeia escrever sobre os dois em um primeiro momento, mas acaba aceitando após pressões de Lívia, a sua sedutora empresária, que precisa apresentar alguma novidade do autor para a editora. E é o aceite em realizar a obra que desencadeia uma série de encontros e desencontros – boa parte deles amorosos, alguns até bizarros – na vida de Lucas.

Mesmo a obra em si sendo despretensiosa, ela traz alguns elementos de bastidores que podem instigar uma discussão acerca da escrita. “Sem imaginar, me tornei um caçador de histórias, atento a cada diálogo que testemunhava”, narra Lucas em determinado momento. Ora, e o que é um escritor se não um caçador de histórias que sabe colocá-las com maestria no papel? Claro que há os que mergulham mais ou menos na vida real para construir os seus livros, contudo, é impossível que algo seja feito sem levar em conta o que vemos, vivemos, ouvimos, lemos, assistimos…

Lucas também declara que, ao escrever com os pés firmes na realidade, encontra dificuldades em descrever as pessoas, e aqui os escritores de não ficção hão de concordar que mora um grande problema. Nem sempre as pessoas que merecem uma história são bonitas, e uma descrição fiel do personagem pode magoá-lo muito. Muitas pessoas até aceitam se ver gorda e com uma verruga na cara em uma foto, mas têm ojeriza ao se ver assim descrita com palavras.

E, ainda sobre os personagens, Histórias da noite carioca flerta com a questão de até que ponto o autor tem o direito de se apropriar da vida de outra pessoa para transformá-la em história. Uma questão bastante complexa e que foi bastante discutida quando José Castello lançou o romance Ribamar, no qual cria uma ficção que tem como base a relação dele com o pai, misturando realidade e ficção – e arrumando uma grande confusão para a cabeça, inclusive com a própria família, que insistia em dizer que ele inventava calunias sobre o seu velho, por exemplo, ao invés de entender que aquilo era uma história romanceada.

Entre elementos reais e ficcionais que formam o personagem, Eric deixa transparecer (não sei se propositalmente) em Lucas algumas de suas próprias características. Eric, assim como Lucas, começou a escrever uma literatura com uma base mais real após se aventurar pelos caminhos da fantasia. Ambos fazem críticas para o cinema para incrementar o orçamento. E Lucas demonstra um conhecimento dos meandros do corpo humano que só pode ter aprendido com o seu criador, que possui formação na área de bioquímica e farmacêutica. Esses conhecimentos, aliás, soam como rebarbas no texto.”Sangue do tipo A”, “epinefrina”, “cerebelo”, “hipotálamo”, “elétrons”, “axônios” e “dendritos” fazem parte da história, mas nada acrescentam a ela.

Contudo, isso não chega a ser um problema. Frases como “Hambúrguer sem gosto de isopor. Raro como tamanduás” e “Durmo ciente de que não estou exercitando os músculos e não escrevo com sono, pois sai que nem psicografia de ateu” compensam com sobras alguns exageros biológicos. As referências a Daniel Galera, Cazuza, Kafka e Pirandello são de tirar um sorriso do leitor.

Quisesse Eric ter escrito sua obra-prima, teria fracassado. Mas isso não quer dizer que Histórias da noite carioca seja um mau livro. Pelo contrário, é dinâmico, descontraído e, em alguns momentos, engraçado. Ou seja, Eric atingiu o seu objetivo.

Eric está vendendo alguns exemplares de Histórias da noite carioca por 25 reais (o frete é por conta dele). Para adquirir, mande um e-mail para cericn@gmail.com

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Eric Novello é o tipo de cara que faz trocentas atividades diferentes, mas todas elas ligadas por um mesmo fio: o das letras. Além de fazer leituras criticas e copidesque de originais de livros, é critico de cinema, música e literatura, roteirista e tradutor. Escreveu o romance histórico Dante – O Guardião da Morte, o romance de humor Histórias da Noite Carioca e o suspense de fantasia Neon Azul. Também já participou como autor e/ou organizador de antologias de contos, como a Imaginários  e a Paradigmas Vol. 1, ambas de fantasia, ficção-científica e terror. Parte de sua produção está disponível em seu site , na seção de textos online. O escritor ainda possui o recém-nascido Magos Urbanos, blog onde fala sobre seu processo de criação de um projeto de fantasia urbana. E para conversar de escrita, tradução, mercado editorial e possibilidades para novos escritores, dentre outros assuntos, é que conversamos com Eric.

Canto dos Livros: Atualmente você trabalha apenas com texto, seja escrevendo ou realizando traduções, certo? Como você conseguiu atingir esse patamar almejado por tantos autores?

Eric Novello: Bem, tudo na vida é uma questão de ter metas e objetivos claros e… mentira. Não tenho uma resposta edificante para essa pergunta. Aconteceu, sem nenhum planejamento. Fui aproveitando as oportunidades que surgiam de sair da área científica (Biotecnologia/Farmácia/Bioquímica de Alimentos) e migrar para a área de criação (Cinema/Literatura) e cá estou. Como pauto minhas escolhas pelo prazer que terei com elas e pelo horário em que terei que acordar, não tive muita dúvida de que caminho seguir. É menos uma questão de saber para onde ir e mais de saber para onde não ir. Acabou que hoje trabalho com o que gosto, ganho o suficiente para não arrancar os cabelos e posso estourar meu reclamômetro com outros assuntos.

CL: A leitura de quais obras e autores é imprescindível para quem quer ser escritor?

EN: Não creio que hoje existam autores imprescindíveis. Conhecimento nunca é demais, isso é fato. Quem se acomoda em um determinado gênero ou autor carece de bagagem para escrever uma boa história. Por outro lado, é cada vez mais complicado gerenciar o nosso tempo. Nem chamo mais de tempo livre, porque isso para mim não existe. Então, cada um deve saber no que apostar.

Vamos começar pelo óbvio. Como autor, seria interessante pensar que obras dialogam com o seu trabalho. Se você irá escrever ficção-científica, leia muita FC. Se irá apostar em distopias, leias as distopias. Se decidiu ser um autor de literatura noir, policial, terror, escolha livros e autores icônicos do gênero e leia muito. Se escreverá literatura do cotidiano, mergulhe fundo também.

Não existe uma fórmula. Pode ser que o gênero não seja o seu foco, e sim um aspecto específico: traição, solidão, sexo, triângulos amorosos. Talvez você tenha mais interesse na estrutura do que no assunto. Seja um garimpeiro literário e expanda sua visão ao máximo.

Sobre instrumentação, eu fujo de livros de teoria literária. Porém, amo os de teoria de cinema. Um livro que influenciou muito o meu modo de compor personagens é O Nascimento da Tragédia, do Nietzsche, que li pela primeira vez para as aulas de estrutura dramática da escola de cinema.

Deixo aqui uma lista breve de autores e livros que me influenciaram e influenciam, caso queiram pesquisá-los: Crash (JG Ballard), Trem Noturno (Martin Amis), Fim de Caso (Graham Greene), Invisível (Paul Auster), Coração tão branco (Javier Marías), As Brasas (Sándor Márai), Ubik (Philip K. Dick), White Knight (Jim Butcher), Laranja Mecânica (Anthony Burgess). Todos livros fáceis, nada de outro mundo. Curiosamente, todos trazem personagens extremamente miseráveis em algum aspecto de suas vidas.

CL: O que acha das editoras especializadas em publicar novos autores? Publicar desta forma ou num selo do tipo “Novos Escritores” pode estigmatizar um autor?

Seja lá qual for o esquema de publicação, o que vale é a qualidade do seu texto. Daí vem a pergunta: essas editoras têm algum critério de qualidade na hora de publicar os novos autores ou é só apresentar o texto, pagar e pronto?

Se o seu texto for bom, é essa a etiqueta que prevalecerá. Se o seu texto for uma porcaria… É claro que cada um tem uma opinião, gosto é gosto, e todo aquele papo que a gente já conhece. Mas se você escreve mal, não tem tempero que disfarce o gosto amargo. Não digo que o primeiro texto de alguém será perfeito, espero que o mais recente seja sempre o melhor, mas é preciso ter um mínimo de critério com o que se pretende apresentar ao público. Quando o autor não tem esse critério, cabe ao editor explicá-lo. Se o editor é falho, quem se ferra é o autor.

CL: Como é organizar uma antologia de contos?

EN: Imagine um mago, trancado numa cela, precisando conjurar um demônio para escapar. Ele não tem os ingredientes certos, ele não está nas melhores condições, o tempo é curto, a chance de dar errado é grande e provavelmente o demônio, se sobreviver, sairá do seu controle. É exatamente assim.

Cada vez que começo, fico me perguntando “por que mesmo fiz isso?”. Mas logo que termino já penso na próxima. Cada coletânea que organizei até agora me trouxe experiências completamente diferentes, então não tenho muito como organizar um raciocínio em torno. Diria que a única coisa que acho realmente importante na hora de decidir o tema e perfil de uma coletânea com os editores é abrir espaço para novos autores. O resto varia.

CL: Por favor, explique como é o trabalho de copidesque. Em que ele difere de uma outra atividade sua, a leitura crítica da obra?

EN: Na leitura crítica você analisa um original e no final escreve um laudo para o autor ou editor, descrevendo o que achou falho no livro. Recomendo o filme ou a peça de teatro The Bluetooth Virgin, uma comédia independente, para quem quiser entender melhor o processo. Tem uma cena hilária em que o autor (no caso, um roteirista) se encontra com a guru que analisou o seu original e conversa sobre os motivos do fracasso.

O copidesque é um trabalho intrusivo. Eu mexo no texto, reescrevo frases, busco pontos desconexos, sempre respeitando o estilo do autor, sua escolha de palavras. Você não pode pegar um livro romântico e transformar num suspense só porque não gosta do primeiro gênero. Vale lembrar também que as alterações são marcadas no texto para que o autor decida aceitá-las ou não. Se eu achar algo muito ruim e o autor decidir que aquilo é fundamental na qualidade da obra-prima dele, não discutirei.

CL: Copidescar um livro exige, entre outras coisas, muita liberdade e até intimidade com o autor, certo? Como você seleciona os autores que irá trabalhar? Já teve algum problema com isso? Qual(is)? Quais dicas daria pra quem vai trabalhar como ou com um copidesque?

Já fiz trabalho de copidesque sem nenhuma intimidade com o autor e é algo que não pretendo repetir, mas não quer dizer que não possa ser feito. O importante é o profissional de copidesque ter um mínimo de intimidade com o gênero com o qual trabalhará para evitar burradas que já vi por aí.

Eu hoje prefiro trabalhar com novos autores de fantasia. Gosto de ajudar novos nomes a dar um primeiro passo dentro de um gênero que curto.

Problema sempre há, só muda a intensidade. É muito difícil mexer no texto dos outros, é muito doloroso deixar alguém mexer no seu texto. Mas é necessário, e se não houver confiança, o trabalho não vai para frente. Você deixaria alguém em quem você não confia palpitar na sua vida? Um bom conselho é um conselho sincero ou aquele que diz o que você quer ouvir? A ideia por trás do copidesque é a mesma. O amadorismo literário traz a falsa noção de obra-prima intocável, seja um autor estreante ou um com alguns romances na bagagem. Tem gente que escreve uma porcaria de texto e se apega aquilo com todas as forças, não se permite mudar.

Em compensação, quando ocorre o inverso, é muito gratificante ver a evolução do autor desde a primeira versão do original até a versão final e de um livro para o outro.

A minha dica é transformar o trabalho em uma sessão de brainstorming, a via é de mão dupla.

CL: Nos seus livros você trabalha muito com o tênue limite entra ficção e realidade. O que você acha da literatura de não ficção?

EN: Leio literatura de gênero e do cotidiano na mesma proporção. O que importa é que sejam bons autores, boas histórias, ou que me ofereçam o que estou procurando naquele instante. Não vou esperar que Charlaine Harris me traga o mesmo que Philip K. Dick, ou que esse me traga o mesmo conteúdo que um Haruki Murakami ou Javier Marías. São aulas diferentes, digamos assim. O conteúdo da aula de Parasitologia é diferente do conteúdo da de Microbiologia. Existem autores contemporâneos muito bons em todos os gêneros. Seja você autor ou leitor, aconselho que se leia um pouco de tudo. Não se force a nada, porém não se acomode.

CL: Como funciona o trabalho de pesquisa para a redação de uma obra com bases históricas reais e mitológicas, como Dante, o guardião da morte?

EN: É um processo exaustivo, mas gostoso. No caso do Dante, eu sou fascinado pela Roma Antiga e por Julio César, então sabia onde estava mirando. A pesquisa precisa ser equivalente ao nível de detalhes que você pretende adotar no livro. E se pensarmos nesse aspecto, o Dante não pode ser usado como exemplo, porque eu decidi tomar liberdades para o andamento da trama. No livro você vê a minha versão de Roma. Diria que a minha preocupação foi com a ambientação e não com a recriação. A ambientação em Dante é um elemento tão fantasioso quanto a presença dos deuses imortais que permeiam o livro. Funciona? Acredito que sim. Passaria pelo crivo de um historiador? Certamente não.

CL: O que pode dizer sobre o mercado brasileiro? Na sua opinião, a afirmação “o brasileiro não lê” procede ou é uma falácia?

EN: Essa é fácil. Pegue seu círculo de amigos. Não vale autores! Quantos deles leem? Com que frequência? Agora tire os que leram só Best-sellers e livros de autoajuda. Sobraram quantos? Quando digo que leio um livro por semana (uma média confortável quando não estou atolado de trabalho), muita gente fica espantada. Gente que tem grana para comprar livros, um emprego bom e tempo livre ($) para viajar quatro ou cinco vezes por ano para o exterior acha estranho alguém ler um livro por semana. Se eu dissesse que vejo um filme por semana, o espanto não seria tão grande. Se eu falar que saio para beber toda semana, aí eu seria padrão.

Estou comparando banana com maçã de propósito para mostrar que ser leitor no Brasil ainda é ser um alien. Ler no Brasil não é visto com naturalidade.

Então não existe mercado? Claro que existe, com o público “jovem-adulto” fazendo a diferença em termos de vendas atualmente. Mas o fato de um autor ter rompido a barreira dos 100.000 exemplares vendidos não torna todos os outros Best-sellers potenciais, não importa o quão “acessível” seja o texto. Esse papo de potencialidade pura inerente a cada um de nós cabe melhor na autoajuda, justamente.

O que podemos dizer com segurança é que o brasileiro está lendo mais. Espero que siga daí para cima. Mas não existe mágica. Existe marketing.

CL: No Brasil, ouvimos falar muito de autores, mas pouco de tradutores? Por que isso acontece? Falta reconhecimento para o trabalho de tradução?

EN: A gente também ouve falar pouco de engenheiros mecatrônicos e nem por isso eles deixam de ser valorizados. Existem profissionais especializados no controle de crustáceos que crescem em turbinas de hidrelétricas. Eles são reconhecidos? Mas são valorizados. O mercado de tradução segue as mesmas regras de qualquer outro. Tem áreas que pagam mais, áreas que pagam menos, clientes melhores e piores. Há cursos, faculdade, pós em tradução, ou seja, muitas possibilidades de instrumentação. Eu prefiro ser bem pago (valorizado) a ser “reconhecido”, com muitas aspas, por favor. Não podemos confundir reconhecimento com presença histriônica na Internet e elogio de meia dúzia de amigos. Repito, é um mercado como os demais. Se nos prendermos à literatura, aposto que há ótimos tradutores, premiados, respeitados, e que eu nunca ouvi falar. Em suma, não é porque eu não conheço que não há reconhecimento, não é porque não há barulho que não há valorização. Desconfie de quem faz barulho demais.

Considero uma ótima profissão e dou força para quem quiser se aventurar nela.

CL: Os escritores formam uma “classe” muito desunida. Concorda? Por quê? O que poderia ser feito a respeito?

EN: Quando ouço essa ideia de classe unida e desunida me vem em mente os metalúrgicos do ABC lutando por aumento de salário, redução de jornada. E na literatura não existe isso. É bonitinho falar que somos todos amigos e que estamos no mesmo barco, mas não é real. Eu sou formado como farmacêutico, bioquímico de alimentos. Cada turma de faculdade tinha em média 70 alunos. Conheci mais de 400 pessoas. Eu sou amigo de todas elas só por sermos farmacêuticos? Lógico que não. Então por que seria amigo de todos os autores? É preciso afinidade para se aproximar de alguém. Posso gostar de um autor porque o texto dele é bom, porque ele é uma boa pessoa, etc. Cada um tem aí sua lista de itens que leva a aproximações e afastamentos, uma lista singular e intransferível. Não importa se essa pessoa é um autor, padeiro, arquiteto, empresário.

Alguém pode argumentar que todos os autores têm uma causa em comum e que é preciso união em torno dela. Tem mesmo? Qual seria? Cada grupo terá suas causas, suas lutas, suas discussões internas e sorrisos externos. É assim em qualquer ambiente de trabalho, mesmo nesse que dá mais prejuízo do que dinheiro. A sua causa digníssima pode, para mim, ser uma grande piada e vice-versa. O que existe no ambiente literário é uma capacidade imensa de se unir em torno de um inimigo em comum, o que dá a falsa ilusão de união aqui e ali. Amizade e afinidade são elementos raros em qualquer âmbito, não teria porque ser diferente na literatura.

Se cada indivíduo ou cada grupo batalhasse mais suas próprias causas e perdesse menos tempo destruindo a dos outros, talvez a literatura de gênero avançasse mais e a sensação de união fosse maior.

CL: O que é exatamente a “Fantasia Urbana”?

EN: “Exatamente” e “fantasia urbana” não têm tido um bom convívio faz um tempinho. Eu dividiria hoje o gênero em duas correntes:

A que explora a fantasia em uma cidade contemporânea, seja uma grande metrópole ou cidade periférica a ela, com uma dinâmica que fuja do bucolismo. É o que escrevo. Entram aí nomes como Jim Butcher, Lilith Saintcrow, Charlaine Harris, etc.

Tem um número grande de autores fazendo isso hoje. Discutiu-se há um ano o desgaste do gênero, mas as vendas continuam fortes e os olhos dos editores continuam brilhando.

A que põe a fantasia em uma cidade, seja qual for, de qualquer época. Uma cidade em um planeta distante? Pode ser. Uma cidade medieval? Por que não? Essa corrente foi quase um movimento de resposta à anterior. Alguém gritou “chega de livros que são romances de vampiros com lobisomens” e fez-se a quebra. Estou organizando uma coletânea para a editora Draco chamada “Fantasias Urbanas” que cabe nessa segunda opção.

Hum! Entendi, Eric. Então Crepúsculo é uma fantasia urbana? Não. É um gênero próximo chamado Paranormal Romance ou Romance Sobrenatural.

CL: O que acha dos outros meios de escrita, como HQ’s, e-books, blogs? Também podem ser considerados literatura?

EN: Temos duas coisas diferentes aí. E-books e blogs são veículos para a literatura. Eu posso colocar no meu blog a receita de bolo de cenoura da minha avó e posso colocar um conto. Esse conto pode (ou não) ser melhor do que meus contos publicados em papel. A Internet não o torna um texto menor. Papel não é sinônimo de qualidade. O blog é um espaço e você usa como quiser, inclusive para mostrar a sua literatura. Um e-book também. Ter medo de avanço tecnológico é burrice. Antes de qualquer coisa, eu sou um comunicador e meu site e as ferramentas sociais me colocam em contato com o público leitor. É algo que vale ouro para mim.

HQs eu leio pouco. São leituras muito pontuais, mas tenho um respeito enorme por elas. Justamente por isso, mesmo quando leio, não comento, porque julgo ser necessário um conhecimento maior do que eu tenho. Mas me incomoda isso de chamar HQ de literatura para legitimá-la. Por que ela só teria valor se fosse considerada literatura? Ela não pode ter valor sendo simplesmente “HQ”? Essa é uma discussão longa, teríamos que jogar o conceito de Graphic Novel na roda também. Como eu disse, tem gente mais capacitada para isso do que eu.

CL: Você também é crítico de cinema. Quais foram as melhores obras transpostas dos livros para as telonas? Por quê?

EN: Antes o porquê, depois os filmes. A meu ver, uma boa adaptação é um filme que funciona de forma independente da obra de origem, sendo ou não 100% fiel ao conteúdo do livro. A linguagem cinematográfica é diferente da literária e quem consegue fazer a transposição com qualidade merece mesmo os parabéns. Um filme foda é um filme foda, ponto.

Exemplos que me vêm em mente: O poderoso chefão, Senhor dos anéis, O talentoso Ripley (que os fãs da Patrícia Highsmith geralmente não curtem), 90% dos filmes do Kubrick, muito do cinema noir e, é claro, Crepúsculo (Just kidding!).

Entrevista concedida à equipe

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De toda a equipe.

Nazarethe Fonseca nasceu em São Luis do Maranhão e atualmente mora em Natal, no Rio Grande do Norte. Começou a escrever aos 15 anos, após um sonho que se tornaria seu primeiro livro, uma trama policial. É autora da saga Alma e Sangue, iniciada com O despertar do vampiro e seguida por O império dos vampiros e O pacto dos vampiros, que chegou às livrarias muito antes dos dentuços de Stephanie Meyer e está sendo transformada em uma série de curtas-metragens para Internet. Também publicou contos nas coletâneas Necrópole: Histórias de Bruxaria, Anno Domini e Meu Amor é um Vampiro. É autora do blog Alma e Sangue e concedeu por e-mail a entrevista abaixo para o Canto dos Livros, onde fala sobre sua carreira, influências, mercado e seus vampiros, claro.

Canto dos Livros: Conte-nos como começou e está sendo a sua carreira de escritora.

Nazarethe Fonseca: Comecei com a publicação do meu primeiro livro O Despertar do Vampiro, em 2001, que, posteriormente, deu origem à saga Alma e Sangue. De lá até aqui, posso dizer que tem sido bastante árduo. Escrever no Brasil é fácil, o difícil é publicar. O mercado está cheio de escritores tanto nacionais como estrangeiros, o espaço existe, mas as grandes editoras não apostam em títulos nacionais com facilidade. É preciso sorte e provar que é capaz de emplacar um livro.

CL: Quais obras/ autores influenciaram na criação de seus livros? Qual a importância dos clássicos Anne Rice e Bram Stoker?

NF: Acho que tudo o que eu já li, e leio, me influência de algum modo. A lista para citar é enorme, e nem todos os livros e escritores estão dentro do universo da fantasia. Mas sim, gosto muito de Anne Rice e Bram Stoker, eles conseguiram mudar a história do vampiro no mundo.

CL: Enfrentou dificuldades por não estar nos chamados grandes centros (sul e sudeste)?

NF: Não, quando preciso vou a São Paulo e tento ver os fãs que sempre buscam autógrafos. Eu gosto muito do Norte e do Nordeste, acho São Paulo uma cidade realmente vibrante, talvez vivesse bem nela, mas morar em Natal é estar perto de raízes mais antigas.

CL: Dentre as muitas alternativas de publicação e divulgação existentes, quais considera mais efetivas?

NF: Na publicação, o livro físico. Já publiquei livro na internet e postava os capítulos toda semana. Também já tive uma web-novela no Portal Feminice, mas acho que o público ainda prefere ter o livro em mãos. Para divulgação, a web tem seu espaço garantido como um dos veículos de maior amplitude e rapidez.

CL: Qual foi o impacto que o sucesso da série “Crepúsculo”, de Stephenie Meyer, teve no seu trabalho?

NF: Eu já vendia a série Alma e Sangue e continuo vendendo. A série Crepúsculo fez o público jovem descobrir um tipo de vampiro e outros autores. Os mais curiosos foram a fundo e buscaram outros livros, outros autores. E isso abriu o mercado, aumentou as vendas, gerou oportunidades que já existiam e nunca foram exploradas. Muitos livros do gênero foram publicados desde então. Eu continuei com minha série sem alterações.

CL: No livro Alma e Sangue a história se passa em São Luis do Maranhão, sua cidade. No pocket book lançado posteriormente,  Kara e Kmam – uma saga de alma e sangue, a trama ocorre em Paris. Você conhece a França? Como foi o processo de escrever uma história ambientada em um lugar que você provavelmente não conhece tão bem quanto sua cidade natal?

NF: Posso dizer que conheço a França com os olhos da Alma. A França dos meus livros é a de 1572 e dos séculos seguintes, até os dias atuais. Sempre tive grande interesse na França porque São Luis sofreu colonização francesa, temos palavras em francês incorporadas em nossa língua, e por ai vai. Os meus leitores costumam dizer que caminharam com os personagens dos livros pelas ruas de Paris, devido à riqueza dos detalhes. Não achei difícil, no livro A Rainha dos Vampiros, por exemplo, estou na Rússia, e no O Pacto dos Vampiros estive em Barcelona. Sinto que sempre estou viajando.

CL: Você já deu declarações afirmando que a história de Kara e Kmam ainda tem muitos capítulos pela frente. Como você estruturou a narrativa desde o começo para que ela tivesse solidez para manter vários livros em sequência?

NF: Eu trabalho um livro após o outro. Baseio parte no que já escrevi, parte nos sonhos que tenho, e a outra nas ideias que surgem ao correr da trama. Gosto de dizer que no fim tudo se encaixa como num quebra cabeças, ou como uma colcha de retalhos. Geralmente tenho um caderno onde copio as cenas e depois as levo para o computador. Às vezes acontece de sobrar cenas que uso em outras histórias e ocasiões.

CL: O que acha do mercado de literatura mítica e de fantasia no Brasil?

NF: Está em crescimento, os escritores estão ganhando espaço e firmando seus nomes no mercado. Não sou pessimista, acho que como intelectuais e artistas, se investirmos em nossas ideias e projetos, conseguimos espaço dentro da sociedade.

CL: Como se deu esse processo de reedição do livro? A ideia de reescrever alguns capítulos, por exemplo, partiu de você ou da editora? Qual a participação do Eric Novello, como copidesque, no trabalho? Como é a relação com esse tipo de profissional? Qual a importância na qualidade final do trabalho?

NF: Sai de uma editora e entrei na Aleph. O livro precisava de revisão, e nada mais justo com o público que esperava a continuação, que o primeiro livro trouxesse novidades. Eu adorei a ideia e junto ao escritor, roteirista e tradutor Eric Novello fizemos o copidesque do livro. O trabalho compensou e hoje o livro é um artigo digno de ser comprado. Todo escritor precisa estar em busca de melhorar, e eu não sou diferente, sempre reescrevendo e reinventando. Eu sou a favor do copidesque, não abro mão. Minha relação é a melhor possível, mas só entrego meus livros para quem confio. O Eric Novello é uma dessas poucas pessoas, ele já conhece meu texto como ninguém.

CL: Num mundo tão conectado, onde o contato com os fãs e leitores é mais imediato do que jamais foi, via Twitter, e-mails e outros, houve alguma sugestão ou pedido deles que mudou o que você escrevia?

NF: Não, apesar de receber muitos e-mails com pedidos de que minha personagem principal, Kara Ramos, engravidasse (risos). Eu sou fiel aos meus personagens e a suas histórias. Adoro ver suas sugestões, mas prefiro surpreendê-los com algo que não pensaram ainda.

CL: Você gostava de ler quando criança? De que forma uma criança pode ser incentivada à leitura?

NF: Livros de aventura e de magia, e de monstros como eu costumava chamar. Acho que quando a mãe está grávida e lê para o bebê, certamente o seu filho criará o hábito da leitura.  Eu cresci numa casa com livros e revistas por todos os lugares, então foi fácil primeiro descobrir as cores e imagens, e depois as letras. Eu aprendi a ler em 15 dias, estava com seis anos.

CL: Quais os próximos passos do seu trabalho?

NF: Terminar a série Alma e Sangue com o livro A Rainha dos Vampiros e me dedicar a um novo livro que já tem quase cem páginas, e que acredito que seja minha próxima série. Fantasia, claro.

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